quinta-feira, 12 de abril de 2012

"Educação e Cinema - Novos olhares na produção do saber" de José de Souza Miguel Lopes


LOPES, José de S. Miguel. Educação e Cinema: novos olhares na produção do saber
Porto: Profedições, 2007.

Apresentação

“O cinema é um artefato cultural cuidadosamente manufaturado, que busca propiciar ao seu público um misto de identificação e distanciamento. O filme carrega, desde sua concepção até sua exibição pública, intenções e cargas simbólicas que são oferecidas ao espectador que as degusta conforme as suas próprias intenções e competências simbólicas. Ao colocar o espectador numa posição privilegiada, na qual observa todos os acontecimentos narrados, mas sem o envolvimento real, o cinema pode empreender o seu jogo de revelação e engano. E, através desse jogo, pode desencadear uma relação entre tempo e memória, entre imagem e imaginação, dando um novo significado ao presente vivido.” (p.7)

“Desde cedo o cinema soube criar uma situação de projeção/identificação para com o espectador, desencadeada pela própria linguagem e evidenciada pelo próprio ritual cinematográfico. O ato de ir ao cinema, sentar-se numa sala escura, ser cercado de silêncios interrompidos por sussurros, a luz que vem do alto e de trás projetando-se na imensa tela a frente e que inunda os seus espectadores com suas imagens e as próprias estratégias narrativas propiciam um mergulho do espectador.” (p.7)

“A tentativa de encontrar refúgio numa sala escura onde são projetados focos de luz não é mais do que uma fuga da realidade.” (p.8)

Para Lopes, o cinema é fascínio, é mística, é preservar a curiosidade de criança, é fugir da realidade e ser parte de outra, é viver cinematograficamente, é uma função social, é refletir sobre a própria condição humana, é arte, é uma declaração de amor, é um meio de reflexão, é invenção, é um instrumento de análise da história.

O diálogo entre o cinema e a educação. Na minha trajetória de educador

Nesta primeira parte, o autor narra sua experiência e transformação com o cinema. Que iniciou no período escolar, onde apreciava todo tipo de cinema, de acordo com a limitação das opções oferecidas nos espaços de cinema, ou seja, acesso quase restrito ao cinema hollywoodiano. Depois, passou a freqüentar um cineclube em Moçambique, que ampliou seu leque e repertório, e onde passou a aperfeiçoar seu gosto e se tornar mais exigente

“O meu gosto pelo cinema, passando pelo simples prazer de fruir qualquer obra, independentemente da sua qualidade estética ou outra, até o fato de ter me progressivamente tornado mais exigente. Aperfeiçoei o meu sentido crítico, abandonando as formas banais de cinema e passando a selecionar mais criteriosamente as obras cinematográficas.” (p.14)

Um desaprender o gosto, talvez.

Para ele, ‘definir o cinema seria como definir a arte, ou alguma coisa ainda mais vasta, definir o indefinível, a vida mesma.’ (p.14)

Trabalhar com o cinema em sala de aula, não é torná-lo suporte, mas torná-lo a própria sala de aula. 

Ele define o cinema hollywoodiano como um ‘entorpecente’ que faz com o público se mantenha num estado de embriaguez, de ‘droga’. A linguagem cinematográfica favorece este uso, mas Lopes sugere a ampliação do olhar para outras obras e manifestações fílmicas.

Alguns aspectos importantes do trabalho do cinema em sala de aula: considerar os diretores, na tentativa de compreendê-los em suas manifestações; considerar o contexto dos filmes; ler sobre os filmes em espaços especializados; debater após o filme para ampliar as possibilidades de interpretação e compreensão do filme; usar palavras-chave para discussão pré e pós filme; assistir várias vezes para pontuar melhor as passagens; uso de curta-metragem no espaço escolar, ainda que seu acesso seja difícil; explorar a estrutura narrativa e seu desenvolvimento; ativar o pensamento dos alunos, logo após exibição e debate, solicitando uma redação, resenha ou crítica de 1 lauda sobre o filme.

“Foi assim que o cinema se tornou, mais do que nunca, uma síntese de todas as artes, que englobou os quatro elementos a saber: a imagem (quer elas estejam em movimento, ou em cores), sons, palavras e música.” (p.20)

“Não há nenhuma arte, nem o teatro, que iluda a vida como o cinema. (...) Quando lê um livro, você é um realizador, porque está a pôr imagens, a imaginar a cara dos atores, o vestir, o andar. Está a ver seu filme.” (p.21)

Para o autor, a televisão é uma grande rival do cinema, já que ‘o cinema estimula o pensamento, a televisão paralisa-o’. (p.22)

“Têm sido poucos os educadores que têm escrito sobre cinema, em particular trabalhos que nos revelem a sua relação com o fenômeno educacional. Constata-se, pois uma produção intensa e diversificada dessa relação em vários países mas, no Brasil e em Portugal, é ainda incipiente o estudo e sistematização desse universo.” (p.27)

Lopes alega que o cinema dominante é de vertente hollywoodiana, que acaba sufocando outras produções que lutam por uma outra forma de expressão. Ele reconhece haver fissuras no cinema norte-americano, através do cinema independente. Para ele, o cinema deve ser utilizado primeiro “como ferramenta de reflexão, fazendo com que após analisar criticamente uma película cinematográfica o aluno procure complementar e aperfeiçoar seu raciocínio através do estudo das matérias do currículo; e que esteja preparado para propagar este conhecimento adquirido, mais uma vez, através do cinema, de forma similar ao processo que se deu com ele.” (p.29)

Para ele, existem dois objetivos principais para o trabalho com cinema e educação: “o cinema como forma artística que se apresenta ao espectador como real, e que este seja ponto de partida para uma reflexão crítica sobre questões políticas, filosóficas, sociológicas, antropológicas e educacionais; além de despertar o interesse dos alunos pelo estudo, auxiliando a formação de agentes multiplicadores do pensamento crítico.” (p.29)

“Os melhores filmes de sempre foram aqueles que levaram a montagem, a focagem, a composição, a iluminação e o trabalho de câmera até o máximo das suas possibilidades enquanto mídia.” (p.29)

Lopes descarta todo e qualquer uso do cinema hollywoodiano, cinema indústria (seja dos EUA ou de outros países) em sala de aula, por ser um espaço e tempo limitados, porém pergunto-me se sua visão não é demais essencialista e preconceituosa, já que qualquer filme poderia ser usado como ponto de partida para “reflexão crítica sobre questões políticas, filosóficas, sociológicas, antropológicas e educacionais”, ainda que ele afirme que quem pensa assim, está aprisionado a um gosto condicionado pelo cinema hollywoodiano.

Além disso, em sua lista de 100 melhores filmes, há vários de vertente hollywoodiana, realizados dentro de padrões mercadológicos, mas ainda assim, valorizados por ele.

Aperfeiçoando o olhar no diálogo entre o cinema e a educação

Lopes resgata a publicação de “A educação cinematográfica” realizada pela UNESCO em 1961, que defende que “a melhor forma de defender o público, e em particular a juventude, de excessos e erros das mensagens audiovisuais, é a formação e a criação de hábitos pelos espectadores, de forma a garantira escolha e a melhor compreensão da mensagem audiovisual. Ainda, segundo esta instituição mundial, a educação cinematográfica já tem, em muitos países, um lugar estabelecido nos planos curriculares do ensino, não se restringindo a atividades extracurriculares ou de voluntariado cineclubístico, cabendo-lhe uma função educativa essencial.” (p.36)

“O cinema pode ser definido como uma educação informal, que necessita de uma metodologia para melhor aproveitamento na sala de aula. (...) A educação necessita lançar um olhar crítico sobre o cinema. Precisa se libertar da crítica especializada e construir seu próprio corpo teórico visando fins específicos. O cinema é um meio de reflexão da sociedade.” (p.36)

“A sala de aula cinematográfica deve dar a oportunidade aos alunos de terem uma cosmovisão do mundo, da sociedade em que vivemos, e entender que as relações de produção da nossa época indicam o sentido e significado de nosso presente.” (p.37)

O filme educa no sentido que amplia e questiona o nosso conhecimento dos contextos em aparência familiares e facilmente nomeáveis. (...) Educar pelo cinema ou utilizar o cinema no processo escolar é ensinar a ver diferente. É educar o olhar. É decifrar os enigmas da modernidade na moldura do espaço imagético.” (p.37)

“O problema é a passividade do espectador, que sem cultura cinematográfica, sem a posse dos instrumentos e dos procedimentos da linguagem da sétima arte, não assimila as possibilidades comunicativas do cinema. (...) Aprender a ver cinema é realizar esse ritual de passagem de espectador passivo para o espectador crítico. (...) A educação cinematográfica implica também uma formação estética na perspectiva que a experiência artística é indispensável á formação harmoniosa da personalidade.” (p.38)

Para ele, “filmes que confirmam o sistema, devem ser desmistificados no processo educacional, no processo escolar. (...) É fundamental ver e analisar com os alunos alguns filmes ‘modelos’ dos principais gêneros do cinema hegemônico e procurar fazer a crítica desse cinema. Este será um bom ponto de partida, para em seguida, iniciar os alunos num repertório intelectual e cinematográfico mais sofisticado.” (p.38-39)

Ou seja, é importante desmistificar o cinema que eles já conhecem, para então mais tarde ampliar seu repertório. A pergunta é “quanto tempo isso pode levar?” E quando o professor ainda não está totalmente neste estágio?!

“O fácil acesso às imagens não significa um fácil entendimento das suas formas. (...) Educar é ir além das aparências. Educar significa reconhecer o ‘não-visível’ nas imagens.” (p.39)

“A imagem é hoje um dos mais importantes meios de comunicação e é inegável que a tecnologia está a provocar alterações nas formas de pensamento e de expressão. (...) Freinet já discutia a necessidade do professor reconhecer e utilizar estes recursos: ‘A desordem cultural persistirá enquanto a escola pretender educar as crianças com instrumentos e sistemas que foram válidos há 50 anos. (...) Subsistirão as lições, os braços cruzados, as memorizações, enquanto fora da escola haverá uma avalanche de imagens e de cinema.’

Lopes defende o potencial educativo dos filmes, já reconhecido pelos que já o utilizam em sala de aula, mas também afirma que as imagens sozinhas não falam por si só, pois é preciso a intervenção do professor para potencializar seu uso. Isso vale para o cinema, televisão, computador, etc. As imagens só não devem ser utilizadas como ilustração ou substituição de professor, pois aí perde-se seu potencial educativo.

“A sala de aula deve ser considerada como um espaço imagético. Ela já incorpora, e sofre a intervenção dos meios de comunicação social com a utilização de jornais, revistas, programas de televisão. Porém, é preciso ver que esses meios podem ser considerados salas de aula, como espaços de transformação de consciência, de aquisição de novos conhecimentos; que eles dependem de uma pedagogia crítica, e que o sucesso dela depende de como vamos ver e ouvir os produtos da indústria cultural.” (p.41-42)

“Hoje em dia, a imagem em movimento, nas suas várias vertentes, do computador à televisão, passando pelos jogos interativos e partindo do cinema, povoam o cotidiano e o imaginário de todos nós e particularmente dos jovens, pelo que será impraticável, a curto prazo, não saber ler e escrever a linguagem da imagem em movimento, que tem suas características próprias, como todas as linguagens, que se salienta a versatilidade e a novidade.” (p.42)

“Se a sala de aula é um espaço de discussão e reflexão, o filme é este mesmo espaço ampliado em maior escala, em que os seus procedimentos formais e narrativos passam a ser a linha condutora do viés educacional.” (p.43)

“Se as condições de produção condicionam o filme, é possível reconhecer diretores que, mesmo atuando segundo as convenções do mercado, tentam ir além das representações singelas da sociedade. (...) Pensar na contribuição do cinema na educação é buscar o pensamento, a filmografia deste ou aquele diretor, e inseri-lo no processo educacional.” (p.43)

Descolonizar o cinema? A educação agradece

“O cinema é uma forma de criação artística, de circulação de afetos e de fruição estética. É também uma certa maneira de olhar. É uma expressão do olhar que organiza o mundo a partir de uma idéia sobre esse mundo. Uma idéia histórico-social, filosófica, estética, ética, poética, existencial, enfim. Olhares e idéias postos em imagens em movimento, através dos quais compreendemos e damos sentido às coisas, ou ainda, através dos quais buscamos e interrogamos sobre o sentido das coisas, ressignificando-as e expressando-as.” (Teixeira & Lopes apud Lopes, 2007, p. 52)

Neste capítulo ele reforça a idéia do cinema hollywoodiano como algo negativo, com e sem razão em vários aspectos.

Lopes diz que apesar do cinema ser reconhecido, sua linguagem ainda é pouco lembrada e trabalhada nas escolas. A relação das pessoas com o cinema ainda é puramente intuitiva, quase como ‘um músico que aprende a tocar de ouvido’.

“A possibilidade de se comunicar, de se expressar e de receber informação através do cinema supõe a aceitação prévia de que é uma forma de expressão tão importante hoje como a linguagem verbal, oral e escrita.” (p.58)

“O cinema pode ser ainda um elemento vital para a construção de um homem livre nas suas convicções, crítico nas suas análises, humanista e sensível na sua forma de compreender o olhar o mundo e a vida, aberto à multiplicidade de propostas, respeitando as diferenças e a igualdade que devem balizar a sociabilidade humana, pode ser inovador na descoberta de novos caminhos.” (p.64)

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E o livro continua! =)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

"Crescer na era das mídias eletrônicas" de David Buckingham

 
BUCKINGHAM, David. Crescer na era das mídias eletrônicas. Tradução: Gilka Girardello e Isabel Orofino. São Paulo, Loyola, 2007.

Neste livro, Buckingham nos fala sobre as transformações atuais nas concepções de infância diante do surgimento das mídias eletrônicas. Eles apresenta duas linhas de pensamento essencialistas e opostas, sintetizadas pela ‘morte da infância’, visão que considera as mídias culpadas pelo fácil e desenfreado acesso à informação e conhecimento, nem sempre ‘adequados’ aos que ainda 'não pertencem' à vida adulta (crianças e jovens); e a visão otimista da relação das crianças em sua ‘geração eletrônica’, agora ativas e produtoras de cultura, através das mídias.

Para ele, é um processo irreversível, porém a grande preocupação não deveria ser com o conteúdo (controle e regulação), mas com a participação e preparação das crianças neste processo.

Abaixo colocarei alguns trechos fundamentais que sintetizam seu pensamento e a importância da sua obra para pensar infância hoje, além de uma super síntese dos capítulos para os interessados no livro! =)
 
Prefácio

“É difícil ignorar a importância cada vez maior das mídias eletrônicas. Em todas as sociedades industrializadas – e também em muitos países em desenvolvimento – as crianças hoje passam mais tempo em companhia dos meios de comunicação do que com seus familiares, professores e amigos. (...) Suas experiências midiáticas são repletas de narrativas, imagens e mercadorias produzidas pelas grandes corporações globalizadas de mídia.” (p. 7)

Para ele, “o significado de infância nas sociedades contemporâneas está sendo criado e definido por meio das interações das crianças com as mídias eletrônicas.”

Ele considera importante lembrar que ‘as características da família e da escola – as duas instituições-chaves que em grande parte delimitam e definem a vida das crianças – variam bastante de uma cultura para outra.’

“A infância não é absoluta, nem universal, e sim relativa e diversificada. A idéia de infância é uma construção social, que assume diferentes formas em diferentes contextos históricos, sociais e culturais. (...) As crianças de hoje podem ter mais em comum com crianças de outras culturas do que com seus próprios pais.” (p.8)

Introdução - Capítulo 1 – Em busca da Infância

As interpretações das mudanças na infância “e no papel dos meios de comunicação em refleti-las ou produzi-las – estão agudamente polarizadas. De um lado, acham-se os que argumentam que a infância, tal como a conhecemos está desaparecendo ou morrendo, e que as mídias – particularmente a televisão – são as maiores culpadas. As mídias aparecem aí como responsáveis pelo apagamento das fronteiras entre infância e idade adulta, e, conseqüentemente, por um abalo na autoridade dos adultos. De outro lado estão aqueles que argumentam que há um crescente abismo de gerações no uso das mídias – que a experiência dos jovens com as novas tecnologias (especialmente os computadores) está cavando um fosso entre sua cultura e a da geração de seus pais. Longe de apagar as fronteiras, as mídias são vistas aí como responsáveis pelo fortalecimento delas – apesar de agora serem os adultos aqueles que se acredita terem mais a perder, uma vez que a habilidade das crianças com a tecnologia lhes oferece acesso a novas formas de cultura e comunicação que em grande parte escapam do controle dos pais.” (p.18)
 
“As mídias eletrônicas têm um papel cada vez mais significativo na definição das experiências culturais da infância contemporânea. Não há mais como excluir as crianças dessas mídias e das coisas que elas representam, nem como confiná-las a materiais que adultos julguem bons para elas. A tentativa de proteger as crianças restringindo o acesso às mídias está destinada ao fracasso. Ao contrário, precisamos prestar muito mais atenção em como preparar as crianças para lidar com estas experiências, e ao fazê-lo, temos de parar de defini-las simplesmente em termos do que lhes falta.” (p.32)

Na Parte I do livro, contendo o Capítulo 2 “A morte da infância” e Capítulo 3 “A geração eletrônica” ele descreve detalhadamente (revisão literária) e contra-argumenta sobre as duas visões ‘antagônicas’ essencialistas da relação infância e mídias eletrônicas, com semelhanças entre si.

Parte II

No Capítulo 4 – Infância em Mudança, Buckingham fala das relações e mudanças entre infância, relacionadas (ou não) às mídias. Ele diz que a relação de espaços públicos e privados alteraram a experiência das crianças.

No Capítulo 5 – Mídias em mudança, Buckingham fala das mudanças das mídias e como isso afeta a criança, transformando a infância em produto. O poder de consumo das crianças passou a ser reconhecido e o mercado voltou-se a este ‘novo’ público em potencial.

No Capítulo 6 – Paradigmas em mudança, o autor traz uma ‘revisão’ de pesquisas que relacionam mídias e crianças, cuidados e equívocos, etc.

Parte III – Capítulos 7, 8 e 9, Buckingham relaciona suas pesquisas com as relações entre crianças e violência, crianças e consumo, além de crianças como cidadãs.

A Conclusão e o capítulo 10, considerei a parte mais importante (e produtiva), já que resume tudo que foi falado no livro e aborda os direitos de mídias das crianças.

Para Buckingham, é preciso “entender a extensão – e as limitações – da competência que as crianças têm de participar do mundo adulto. Em relação às mídias, temos de reconhecer a habilidade que as crianças têm de avaliar as representações daquele mundo disponíveis para elas e identificar o que elas ainda precisam aprender para fazê-lo de forma mais plena e produtiva.” (p.278)

Os direitos das crianças

Buckingham complementa a noção de 3Ps dos direitos das crianças às mídias (provisão – oferta, proteção, participação) com o termo educação. Pois considera a provisão e proteção, direitos passivos, mas a participação, um direito ativo.

Ele defende a importância das crianças também participarem dos critérios e escolhas do que é oferecido para elas, daquilo do que elas são ‘protegidas’.

“As crianças somente se tornarão competentes se forem tratadas como sendo competentes. De fato, é difícil entender como elas podem se tornar competentes para fazer alguma coisa se nunca tiverem a chance de se envolver com aquilo.” (p.283)

Buckingham reivindica que ‘as crianças devem ouvir, ver e expressar a si mesmas, sua cultura, sua linguagem e sua experiência de vida’. (p.285)

O autor diz que garantir a participação depende também do desenvolvimento de habilidades, para que elas possam de fato exercer seu direito de participar. Com isto, ele acrescenta um quarto termo aos 3Ps, a Educação.

“A educação deverá buscar ampliar a participação ativa e informada das crianças na cultura de mídias que as cerca. (...) Mais do que deixar as crianças isoladas em seus encontros com o mundo ‘adulto’ das mídias contemporâneas, precisamos encontrar modos de prepará-las para lidar com ele, participar dele, e se preciso, mudá-lo.” (p.286)

“É preciso haver propostas mais ativas de financiar a produção de materiais a que as crianças realmente queiram assistir, e de habilitar as crianças a produzir esses materiais elas mesmas.” (p.289)

Ele encerra dizendo que “As crianças estão escapando para o grande mundo adulto – um mundo de perigos e oportunidades onde as mídias eletrônicas desempenham um papel cada vez importante. Está acabando a era em que podíamos esperar proteger as crianças desse mundo. Precisamos ter a coragem de prepará-las para lidar com ele, compreendê-lo e ele tornarem-se participantes ativas, por direito próprio.” (p.295)

Para melhor aprofundamento, recomendo ler o livro todo! =) 
Espero que tenham gostado e aproveitado minha síntese! =)