sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A primeira semana de aula

Prometo não fazer deste post, uma escrita muito extensa.
Se ontem decidi começar a escrever sobre a experiência de "mestrar", decidi também comentar sobre a experiência que ocorreu antes mesmo de decidir escrever.
Talvez um dia comente sobre o processo seletivo e a sensação de escuro e insegurança.
O processo que levou três meses e a cada etapa, alegria, alívio e expectativa.
De duas uma, ou eu teria o perfil, ou não teria.
Eu passei, então devo ter né? (ainda não tenho certeza, minha imaginação cinematográfica me assombra de vez em quando com a alternativa de ter ocorrido algum engano mirabolante).
Enfim...um dia falo deste processo (ou não).
Para fazer o mestrado, escolhi pedir demissão do meu trabalho como editora de vídeo numa produtora aqui de Florianópolis. Adorava meu trabalho de editar. Adoro editar. Mas o trabalho era cansativo e frustrante. O desgaste e estresse eram grandes, então eu sabia que não conseguiria conciliar os dois. Saí do emprego. Comecei o mestrado.
Entre um e outro tive uma semana de "férias". Foi uma semana corrida.
Os custos com transporte, alimentação, xérox e livros começaram a me assombrar. Questionei-me se foi correta minha decisão de me demitir. Será que não teria conseguido conciliar? Acho que é só o desespero. Estudar é caro. Uma pena.
Bolsa? Só a partir do segundo ano de mestrado e olhe lá. Não sei se tenho chances. Sou a sexta colocada da minha linha de pesquisa. São 8.
De vez em quando tenho crises de choro. Estou sendo sincera. A vontade de estudar e pesquisar é gigantesca. Tenho cada vez mais vontade de lecionar, de criar projetos, ler novos textos, mas às vezes minha concentração com a falta de grana me desviam do objetivo principal.
É lamentável. Lamentável que a sobrevivência mate a sede de conhecimento. Quantos como eu tiveram que desistir?
Ainda não sou casada. Não tenho filhos. Ninguém depende de mim. Mas não tenho muita garantia em casa. Guardei um dinheiro pra alguns meses que foram consumidos mais rápido do que imaginava.
Comecei a enviar e-mails e entregar currículos na universidade, na esperança de encontrar alguma projeto ou pesquisa que eu me encaixe e possa conciliar o trabalho com os estudos.
Não que eu esteja desempregada. Continuo dando aulas na escola, ponto de partida para minha pesquisa, a prática de ensino, mas 4 horas/aula por semana não rende muita coisa.
De vez em quando (muito de vez em quando) aparecem uns trabalhinhos freelancers de conversao de VHS pra DVD, edição de vídeo. Ainda não tenho procurado, não quero me comprometer sem sentir o ritmo do mestrado.
O desespero foi estacionado por um pensamento positivo. Quando for a hora, vai chegar uma oportunidade. Plantei as sementes. Mandei e-mail pra "Deus e o mundo". Como no ano passado, uma hora vai aparecer. Preciso ter fé, esperança e paciência. Muita tranquilidade também.
Vamos a minha primeira semana de mestrado.
Segunda-feira, 16 de agosto de 2010, não tive aula porque não tenho disciplina nesse dia.
Fui na UFSC entregar uns currículos (no Lantec e Led), fazer cadastro na BU e no RU (em caso de extrema necessidade), peguei um livro, comprei outro. Passiei e senti o ar do conhecimento.
Pensei "como é bom estar de volta". Tantos querendo sair e eu querendo voltar.
6 meses de trabalho me fizeram bem. Me deixaram com mais sede de conhecimento.
Voaram como folhas de papel ao vento. Meio ano se passou, num ritmo alucinado de trabalho e a sensação era de frustração de não poder aproveitar o tempo do jeito que gostaria. Trabalho trabalho trabalho.
Enfim, o mestrado me permitiu aproveitar melhor o tempo.
Nessa primeira semana, marquei almoços com amigos veteranos e calouros (veteranos e calouros na minha vida).
Na segunda, almocei com Bárbara e Diego. Estudantes de jornalismo. Conheci um da TV UFSC e outra da produtora Invento. Almoçamos no restaurante dos servidores. Comidinha boa e barata. Não mais que 5 pilas. Conversa animada. Muitos risinhos. Despedida.
Voltei a respirar o ar da universidade e terminado meu planejamento, retornaria para casa. Mas subiu-me a repentina vontade de ver outra amiga (acho que o desejo de permanecer na UFSC era grande). Nos encontramos e passamos horas conversando sobre tudo.
Decidimos ir no cinema. Vimos "Os mercenários", já que não tinha horário pra "Encontro explosivo". A sugestão de comer um sanduíche foi ótima, ainda que o dela seja vegetariano. Comemos no cinema com uma maionese deliciosa. Sanduicheria da ilha.
Não foi caro, mas o dinheiro, em momentos de lazer, voa das mãos. Decidi que na primeira semana, seria uma comemoração, não me policiei. Deixei rolar.
Fui pra casa contente e ansiosa. No dia seguinte teria minha primeira aula oficial de mestrado.
Na terça, 17 de agosto, aula de edição com os alunos, ritmo alucinante. 4 horas de adrenalina.
Se existe cansaço, ele vem no meio-dia. Mas não veio. A ansiedade era maior.
Cheguei cedo na UFSC. Observei pessoas na cantina do CED. Procurei a sala de aula. 622, 2º andar. Tentei ligar o laptop e entrar na internet. Nada.
Enrolei bastante tempo e notei que numa salinha entravam e saiam pessoas. Perguntei pra uma moça o que estava acontecendo. Reunião discente. resolvi entrar.
Entrei no meio de uma discussão sobre as bolsas, regimento e etc.
Era a única que representava a linha ECO. Duas da tarde, decidi sair para ir a aula. A discussão continuava. Novos encontros sendo marcados, contatos, dúvidas, desabafos. Queria ter ficado, mas minha primeira aula era mais importante.
Na sala 622, muita gente para poucas carteiras, nos deslocamos para a sala de defesa (aquela onde acontecia a reunião discente).
O professor que falaria sobre Barthes usava um bigodinho curioso e apenas falava movendo os lábios. Aquilo me marcou. Ele falou das obras, dos textos, de alguns conceitos, e nos apresentamos. Falamos de nós, de nossas propostas de pesquisa e num momento qualquer fomos interrompidos por um senhor cego que com texto na ponta da língua ensinava brevemente a linguagem Braile e ao final oferecia um objeto para ajudar o grupo. Uma colega comprou. Silêncio. Clima pesado e constrangedor. Eu queria ter comprado. Mas achei caro aquele objeto de EVA que eu mesma poderia fazer. Queria ter ajudado mas só tinha uma nota de 5 reais na carteira, ficaria sem dinheiro. Deixei pra lá.
Achei curioso, naquele clima de descontração e humor sobre Barthes, o clima pesar numa interrupção imprevista. Fiquei um pouco horrorizada. O senhor cego oferecia a oportunidade do conhecimento e todos pareciam incomodados. Justamente, pesquisadores da educação, possíveis formadores de professores. Eu gostei do Braile. Entendi claramente. Depois que o senhor saiu, fiquei rabiscando nome em braile no caderno. Achei graça. A aula continuou.
Fiz alguns comentários. Conversei com três pessoas no intervalo. Momento em que engoli o orgulho e puxei assunto com alguém que parecia tão solitária como eu. Foi bom. O tempo do intervalo voou e não se arrastou como costuma se arrastar quando fico sozinha.
Isso já era comum na graduação.
Será que tenho algum problema?
Na verdade fico com vontade de conversar. Tenho dificuldades de parar. Quero mais. Sede Sede Sede. de conhecimento, de amigos, de vida.
Não me recordo agora exatamente o que fiz depois, mas acho que fui pra casa.
Quarta-feira, 8h. Na verdade 8h15, porque me atrasei. A aula já havia começado. Teorias da Educação e a professora loira intrigante. Tudo era novidade. Salinha apertada 622.
Apenas 1 hora de aula, apresentação da disciplina. Às 9h, teríamos uma aula inaugural.
E que aula! Para esta, reservei um post especial. Foi fantástica!
Não me recordo novamente do depois. Fiquei até 12h30 na palestra. Lembrei. Fui para escola.
Combinei com um aluno às 14h na biblioteca. Faríamos um exercício de edição. Ele não acompanha a turma da mesma forma. Tem algumas limitações. Almocei sozinha na padaria.
Fizemos o exercício e edição em uma hora. Foi...curioso (adoro essa palavra). Percebi que ele não conseguia gravar e processar informações a longo prazo, mas entendia tudo que eu solicitava.
Depois de tentativas, ajustes, ele tinha sue primeiro vídeo pronto. Até postou no youtube (sugeri claro) e colocou no orkut. Não sei se ele realmente dá valor pra isso, mas achei que ele gostou. Pareceu gostar, desde que eu não forçasse muito seu raciocínio. Tadinho. Querido. Foi um desafio e percebi que quando estou só com ele, tenho toda paciência e tolerância do mundo. Não me importo em repetir, explicar de outra forma, brincar. Sem a pressão e estresse, sou extremamente calma. Adoro ensinar.
No resto da tarde acabei orientando outros alunos em vídeos de outras disciplinas.
As duas ilha de edição que montei estavam sendo muito bem aproveitadas. Chequei a lista e já haviam mais de 5 visitas na primeira semana de aula com as máquinas (uma minha e uma velha da escola). Adorei.
Acho que fui pra casa.
Na quinta, 8h (afinal não queria me atrasar na aula com minha orientadora), cumprimentei os colegas da linha ECO 2010. Finalmente algum contato. Comentei da reunião discente, da necessidade de um representante, nos apresentamos em aula, fizemos lista de e-mail, me ofereci para criar um grupo de e-mail ou blog. E 9h, fomos assistir uma defesa de mestrado. (aquela que já falei umas duas vezes da investigação de alunos na Lagoa do Peri).
Saí no intervalo da defesa. 11h acho. Almoço cancelado.
Fui xerocar todos os textos para semana seguinte. (essa em que escrevo).
Gastos. Comecei a anotar esses gastos.
Devo ter ido pra casa.
O finde foi de descanso e namoro. Filmes, conversar, baralho, xadrez, shopping. Aniversário da sogra querida (minha segunda mãe....incomum né?!) Lembrei...escaniei as fotos que estão comigo (para fazer um clipe pro meu casamento em 2011) e montei um clipe de 70 anos. Na sexta não fui na aula de inglês e teve o aniversário. Pizzaria. Especial.
Não havia lido nada ainda. Mas segunda de noite, dia 23, comecei a ler.
Fim da primeira semana. Ufa! (acho que não ficou tão extenso, ficou? tudo é muito relativo!)

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